Deixo aqui algumas perguntas frequentes, respondidas pela Rede Portuguesa de Doulas:
Nem pensar! Sabemos que quem faz o parto é a mãe e o bebé, com a ajuda preciosa da/o parteira/o (enfermeira/o especialista em saúde materna e obstétrica - EESMO) que é responsável pela segurança da mulher e bebé, e do obstetra, em caso de alguma complicação. A doula presta apoio emocional e informativo durante a gravidez e no parto. Neste, a doula usa algumas técnicas que podem ajudar a grávida a viver de forma mais positiva o seu parto (métodos não farmacológicos de alívio da dor, por exemplo), mas nunca fará um ato médico, nem diagnósticos ou interferir no trabalho dos profissionais de saúde.
Não, de forma alguma. Primeiro precisa de saber se é uma boa candidata a um parto em casa (gravidez de baixo risco, por exemplo), ter uma doula e procurar então uma parteira ou parteiro. Deve dirigir-se ao site da Ordem dos Enfermeiros e verificar se a/o parteira/o que procura está inscrita nesta Ordem. Se não estiver, faça reclamação e procure outra/o que esteja inscrita/o. Apenas o/a enfermeiro/a especialista em saúde materna e obstétrica está habilitado para acompanhar partos em casa e apenas este é responsável pela segurança médica da mãe e bebé. Isso não é responsabilidade da doula.
O papel da doula é apoiar informativamente baseando-se em evidências científicas (sempre que possível) e apoiando emocionalmente, para que durante a gravidez, parto e pós-parto a mulher e/ou casal possam ver as suas dúvidas, medos ou outras questões, esclarecidas e aprofundadas. Mesmo antes da gravidez, a doula tem um papel ativo no esclarecimento de dúvidas e no desenvolvimento pessoal de cada pessoa que se prepara para a maternidade, na pré-conceção consciente, por exemplo.
Seguir o coração. A escolha da doula precisa vir desse espaço no peito onde reside o amor. A empatia. A confiança. Se não sentir nada disto com a sua doula, mude de doula.
Claro que sim, é um trabalho como qualquer outro, que exige despesas, tempo e dedicação profunda, muitas vezes 24h sobre 24h. Algumas fazem voluntariado no início, mas recomendamos sempre que coloquem um valor neste trabalho. O dinheiro ainda é uma forma de troca, muito válida na nossa sociedade. Se tiver dificuldades financeiras, escolha a sua doula primeiro e depois explique isso. Há várias formas de contornar essa situação com certeza.
Claro que sim, sabemos que qualquer pessoa, seja qual for o seu género, possa dar apoio emocional e informativo e compreender a fisiologia do nascimento. Um homem doula é chamado de doula, como, por exemplo, a testemunha, que é aplicável a um homem ou mulher. Por exemplo, a doula Mário ou a doula Jason.
Claro que não. Há muita diversidade e heterogeneidade entre as doulas, apesar de a maior parte das pessoas imaginarem que todas têm a mesma abordagem e os mesmos princípios. Há doulas que integram diferentes tipos de conhecimento, algumas com mais terapia física e de movimento, outras com o reconhecimento do corpo, outras mais espirituais, outras com abordagens mais intimistas, mas todas acolhemos a mulher/pessoa e a sua família. Existem todos os tipos de mulheres/pessoas e de famílias, por isso precisamos de todo o tipo de doulas no mundo, com abordagens muito diferentes, mas com a temática em comum de acolher e estar ao serviço. Em consciência
Pode contactar uma doula quando quiser. O ideal seria antes de engravidar para que a consciência do processo seja mais profunda. E sim, trabalhamos também com o pai do bebé, ou com quem estiver a acompanhar a grávida, seja a companheira, parente, pessoa significativa, etc.
Podem encontrar uma doula aqui ou no Facebook em Rede Portuguesa de Doulas. Todas as doulas seguem um Código de Ética, e todas têm apoio no seu trabalho, tendo supervisão e intervisão (doulas mentoras) Se alguma Doula faltar a este código de ética, ela não fará mais parte da Rede. Se tiverem alguma dúvida, questão ou reclamação, existe no site um espaço para isso: https://www.redeportuguesadedoulas.com/contactos-e-links.html
Claro que sim, faz todo o sentido. Muitas pessoas nos procuram ainda antes de engravidar porque desejam estar informadas da melhor maneira para que a sua gravidez antes de mais aconteça, e que aconteça de forma saudável, segura e mais consciente. Com toda a informação baseada em evidências, mas também com trabalho emocional.
Muitas gravidezes não são planeadas, mas desejadas e mesmo assim é um turbilhão de emoções. Por um lado quer-se, por outro "agora" não. Também há medo, como os medos de não ser capaz, de perder o bebé, ou de não querer agora uma responsabilidade tão grande, ao mesmo tempo um desejo enorme de estar grávida! Parece loucura, mas não. A doula acompanha cada etapa desta fase, recordando a naturalidade deste processo e em caso de necessidade, encaminhando para profissionais de saúde quando a doula percebe que alguma situação a transcende.
Se esse for o desejo da mulher/casal, claro que sim. Mas queremos pessoas autónomas e responsáveis, por isso antes da consulta vamos apoiar na compreensão de termos técnicos, opções, escolhas informadas para que se sinta informada e não perdida nessas consultas, como por vezes acontece. A doula não é uma bengala, pelo contrário, mune-a de ferramentas para que ela aprenda a sentir essa autoridade dentro dela, se for caso disso.
Claro que sim, é inclusivamente no parto hospitalar onde os profissionais de saúde não dispõem de tanto tempo para se dedicarem em exclusivo a uma pessoa em trabalho de parto, que o papel da doula é ainda mais importante, e com benefícios cientificamente comprovados. Mesmo em caso de cesariana, a Doula facilita informação e apoio, durante e após, de forma a encontrar as melhores soluções para cada um/a.
A doula não faz escolhas pela mulher/casal. A doula não dá opiniões, não faz atos médicos, não interfere com a equipa médica e as escolhas que faz são unicamente para a sua vida. Cada pessoa é responsável pelas suas escolhas e a doula, idealmente, ajuda a criar consciência para que as escolhas da pessoa/ casal sejam informadas, mas não influencia em nada estas escolhas. Isso seria retirar o poder da mulher/casal e todxs queremos é devolver esse poder pessoal e protagonismo. Para que a responsabilidade das escolhas da mulher/casal sejam deles e não da doula, ou do médico, ou mesmo da sogra ou outro interveniente.
O parto é um evento psicológico, emocional, físico e sexual da sua Vida mais íntima e privada. Que acontece principalmente na cabeça e que é através desse evento que a vida do teu bebé vai surgir. Que traz medos, receios. Que assusta, mas que se consegue. Já o conseguimos há muitos milhares de anos. E ela também vai conseguir e isso vai mudar a Vida dela, de todos à sua volta. Mas precisa responsabilizar-se, informar-se, sentir, ir mais fundo.
O parto em casa é tão ou mais seguro que o parto hospitalar segundo os estudos científicos mais recentes desde que acompanhado por profissionais de saúde competentes (enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica ou parteiras/os). Mas exige algumas considerações. A mulher precisa ser saudável, com um bebé de termo saudável também. Gravidezes de risco devem ser atendidas no hospital. De resto, se a mulher se sentir segura em casa, o parto pode ocorrer lá. Se apenas se sentir segura no hospital, mesmo sendo uma gravidez de baixo risco, é no hospital que deve ter o seu bebé. Porque cada mulher deve apenas ter o seu bebé no local onde se sentir mais segura! Já fez o seu Plano de parto? isso vai ajudar a esclarecer dúvidas.